#005 A Sinfonia da Selic: Como o Banco Central Comanda o Ritmo dos Juros
- Cleber Lourenço Rocha
- 18 de out.
- 2 min de leitura
🎯 O papel do Banco Central com a Selic
A taxa Selic é a taxa básica de juros da economia. Mas atenção: ela não é “imposta” aos bancos diretamente, e sim influencia todas as outras taxas do sistema financeiro através de mecanismos de liquidez e custo de captação.
O Banco Central (BC) faz isso atuando no mercado interbancário — onde os bancos emprestam dinheiro entre si de um dia para o outro. Esse mercado é o coração da engrenagem.
⚙️ Etapa 1: Operações compromissadas
Diariamente, o BC controla a quantidade de dinheiro (liquidez) disponível no sistema bancário através das chamadas operações compromissadas:
Se o BC quer aumentar a Selic, ele retira dinheiro de circulação. Ele vende títulos públicos aos bancos, tirando liquidez do sistema. Resultado: há menos dinheiro disponível, então o custo de emprestar entre bancos sobe → a taxa do mercado interbancário sobe → Selic sobe.
Se o BC quer baixar a Selic, ele coloca dinheiro no sistema. Ele compra títulos públicos dos bancos, injetando liquidez. Resultado: há mais dinheiro disponível, o custo de emprestar entre bancos cai → Selic cai.
Essas operações são ajustadas diariamente para manter a Selic efetiva (de mercado) próxima da Selic-meta (definida pelo Copom).
🏦 Etapa 2: Como isso afeta os bancos
Os bancos dependem de liquidez para operar. Quando o BC altera a Selic:
O custo de captação dos bancos (ou seja, o quanto eles pagam para obter dinheiro) muda.
Como toda instituição financeira busca lucro, ela repassa essa variação para as taxas de crédito e de investimento.
Quando a Selic sobe:
Os bancos pagam mais caro para captar recursos.
Logo, aumentam as taxas de empréstimo e financiamento (para compensar o custo maior).
Também oferecem rentabilidades maiores em aplicações (para atrair investidores).
Resultado: o crédito encarece, as pessoas e empresas tomam menos empréstimos, e o consumo desacelera → inflação tende a cair.
Quando a Selic cai:
Os bancos têm acesso mais barato ao dinheiro.
Reduzem o custo do crédito (para estimular demanda).
Aplicações rendem menos (menos atrativas).
Resultado: consumo e investimentos aumentam, a economia acelera.
🔁 Etapa 3: O efeito em cadeia
A mudança da Selic gera uma reação em cadeia:
Mercado interbancário → muda o custo do dinheiro.
Custo de captação dos bancos → muda o spread e as taxas.
Empréstimos e financiamentos → mudam o ritmo de consumo e investimento.
Inflação e atividade econômica → reagem ao novo nível de juros.
🧩 Resumo prático:
💡 Curiosidade
Os bancos não são obrigados por lei a reajustar suas taxas de acordo com a Selic. Eles fazem isso naturalmente, porque a estrutura de custo e rentabilidade muda conforme o ambiente de juros — e se não acompanharem, perdem rentabilidade ou competitividade.

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